Sistema de controle típico.

O que é um sistema de controle dinâmico

Um sistema de controle dinâmico é um sistema que visa regular o comportamento de uma planta ou processo ao longo do tempo, respondendo a variações externas e internas de maneira contínua. A principal característica de sistemas dinâmicos é que suas saídas ou estados mudam com o tempo, o que os diferencia dos sistemas estáticos, onde a saída é imediata e não varia.

Componentes de um Sistema de Controle Dinâmico

Um sistema de controle dinâmico geralmente possui os seguintes componentes:

  1. Planta(Plant): O objeto ou processo que está sendo controlado. Pode ser um motor, um tanque de líquidos, um robô, etc.
  2. Entrada $r(t)$ ou referência: O valor desejado ou ponto de ajuste que se espera alcançar. Por exemplo, a velocidade desejada de um motor ou a temperatura de um forno.
  3. Saída $y(t)$: A variável do sistema que queremos controlar, como posição, velocidade, temperatura, pressão, etc.
  4. Controlador (Controller): A lógica ou algoritmo que determina as ações de controle para garantir que a saída do sistema siga o comportamento desejado.
  5. Atuador (actuator): O dispositivo físico que aplica o controle à planta, como um motor ou válvula.
  6. Realimentação (feedback): Uma parte importante dos sistemas de controle dinâmico é o feedback, onde a saída do sistema é medida $ŷ(t)$ e comparada com a referência $r(t)$ para ajustar o comportamento de controle. Isso forma um sistema de controle em malha fechada.
  7. Sensor: É o dispositivo da malha de controle que monitora a saída $y(t)$ do sistema e fornece ao controlador uma medida $ŷ(t)$ da saída.
  8. Sinal de erro ou $e(t)$: É a diferença entre o valor de referência $r(t)$ e a medida da saída $ŷ(t)$. Ou seja: $e(t)=r(t)-ŷ(t)$.
  9. Sinal de controle ou $m(t)$: É o sinal de saída do controlador.
  10. Sinal de entrada na planta ou $u(t)$: É o sinal de entrada na planta ou processo. Normalmente proveniente de um atuador. Em diagramas de blocos mais simplificados, o atuador é omitido e o sinal $u(t)$ pode ser a própria saída do controlador $m(t)$.

Na Figura 1, há um diagrama de blocos para um sistema de controle típico com realimentação.

Sistema de controle de nível de água.
Figura 1: Diagrama de blocos de um sistema de controle típico.

Há, também, representações mais simplificadas de sistemas de controle que podem omitir os blocos do atuador e/ou do sensor. Normalmente quando se omite o bloco do atuador se assume, implicitamente, que o atuador faz parte da própria planta que esta sendo controlada. E quando se omite o bloco do sensor, implicitamente, esta sendo considerado que o monitoramento feito pelos sensores do sistema é “perfeito” ou suficientemente bom para ser ignorado na modelagem, ou seja: $ŷ(t)=y(t)$.

Tipos de Sistemas de Controle Dinâmico

1. Sistemas de Malha Aberta (ou sem realimentação)

Em um sistema de malha aberta, o controle é aplicado sem realimentação. Ou seja, o controlador atua na planta com base em um comando de entrada, mas sem verificar se a saída está de acordo com o esperado.

  • Exemplo: Um temporizador de forno que aquece por um tempo fixo, sem medir a temperatura real.

2. Sistemas de Malha Fechada (ou com realimentação)

No sistema de malha fechada, há realimentação da saída, o que permite ajustes contínuos no controle para garantir que o sistema siga o comportamento desejado. Este é o conceito central em controle dinâmico.

  • Exemplo: Um termostato em um ar-condicionado que ajusta a temperatura com base em medições contínuas da temperatura ambiente.

Exemplos de Sistemas de Controle Dinâmico

  1. Controle de Velocidade de um Motor: Em um carro, o controlador de cruzeiro (piloto automático) ajusta a aceleração para manter a velocidade desejada, mesmo que a estrada suba ou desça.
  2. Controle de Temperatura em Processos Industriais: Um sistema de controle de temperatura de um forno ajusta a potência de aquecimento para manter a temperatura desejada.
  3. Robótica: Um braço robótico que precisa controlar suas juntas para mover-se com precisão, usando feedback para ajustar a posição com base em dados de sensores.

Modelagem Matemática de Sistemas Dinâmicos

Sistemas dinâmicos podem ser descritos matematicamente por equações diferenciais. A dinâmica do sistema descreve como suas variáveis de estado evoluem ao longo do tempo em resposta às entradas. Por exemplo:

  • Equações Diferenciais Ordinárias (ODEs): Muitas vezes usadas para modelar sistemas contínuos, como o movimento de um carro ou o fluxo de corrente em um circuito.
  • Função de Transferência: Em sistemas lineares, é comum usar a função de transferência para descrever a relação entre a entrada e a saída no domínio da frequência.
  • Modelagem por Estados (Espaço de Estados): Usa variáveis de estado para descrever o sistema de forma vetorial, especialmente útil para sistemas de múltiplas entradas e saídas.

Controle Dinâmico Clássico

No controle dinâmico clássico, há diversas técnicas e ferramentas para projetar controladores, como:

  1. Controladores PID (Proporcional-Integral-Derivativo): É uma das abordagens mais comuns, onde o controlador ajusta a saída de controle com base em três componentes:
  • Proporcional (P): Atua com base no erro atual.
  • Integral (I): Atua com base na soma dos erros passados.
  • Derivativo (D): Atua com base na taxa de variação do erro.
  1. Controle por Estados (State-Space Control): Uma técnica usada para modelar e controlar sistemas com múltiplas variáveis de estado, muito comum em sistemas modernos como robótica e aeronáutica.

Características de Sistemas Dinâmicos

  • Tempo de resposta: O tempo que o sistema leva para atingir o estado desejado.
  • Estabilidade: Se o sistema, ao ser perturbado, retorna ao estado desejado ou desvia-se de forma indesejada.
  • Oscilações: Alguns sistemas dinâmicos podem ter oscilações ou ressonâncias devido a feedback inadequado.
  • Robustez: A capacidade do sistema de manter um desempenho aceitável mesmo na presença de incertezas e perturbações.

Exemplo Prático de Sistema Dinâmico: Controle de Nível de um Tanque

Um caso típico de sistema de controle com realimentação é um sistema de controle de nível em um tanque. Imagine que queremos controlar o nível de água em um tanque($T_1$). A água entra no tanque $T_1$ através do acionamento de uma bomba $P_1$ e uma válvula $V_1$ libera a água para fora. A quantidade de água que entra no tanque é controlada pelo acionamento da bomba $P_1$. Já a quantidade de água que sai do tanque não é controlada. A tarefa do controlador $LC_1$ é manter o nível da água estável em um nível pré-determinado chamado de setpoint ou valor desejado. O setpoint é determinado pelo usuário do sistema. O controlador atua sobre o sistema ajustando a entrada de água ligando e desligando a bomba $P_1$. A atuação do controlador se baseia em medições contínuas do nível através de um sensor $LE$, instalado dentro do tanque, e comparações com o setpoint para que o nível do tanque fique sempre o mais próximo possível do setpoint. Ou seja, em um sistema como este, o controlador $LC_1$ “vê” o nível do tanque através de um sensor $LE$, compara o valor do nível medido com o setpoint e , se necessário, atua sobre o processo ligando ou desligando a bomba $P_1$. Abaixo, na Figura 2, há um desenho esquemático do sistema.

Sistema de controle de nível de água.
Figura 2: Sistema de controle de um tanque de água.

Neste exemplo, as componentes básicas do sistema seriam:

  • Planta: O tanque com água ($T_1$).
  • Entrada: SetPoint, o valor desejado para o nível do líquido no tanque.
  • Saída: O nível da água no tanque.
  • Atuador: A bomba $P_1$.
  • Realimentação: As linhas tracejadas ligando o sensor de nível $LE$ ao controlador $LC_1$ e, depois, ao atuador $P_1$.
  • Controlador: Um algoritmo/dispositivo($LC_1$) que liga e desliga a bomba $P_1$ para manter o nível do líquido do tanque dentro de um valor desejado (setpoint).

Esse é um exemplo de um sistema dinâmico em malha fechada, onde o comportamento muda ao longo do tempo em resposta a medições e ações corretivas.

Conclusão

Sistemas de controle dinâmico são essenciais em muitas aplicações industriais e tecnológicas. Eles permitem que máquinas, processos e dispositivos operem de maneira eficiente e estável, compensando variações e incertezas no ambiente. Esses sistemas podem ser modelados matematicamente e projetados com técnicas avançadas para otimizar o desempenho, robustez e precisão.

That’s all folks!


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *